Que cresçam livres é o que pretendemos para os nossos filhos e para todas as crianças do mundo. Que cresçam com espaço e abertura para desenvolverem o que são, para se centrarem nas suas capacidades e as valorizarem e, assim perceberem o fantástico e impressionante valor que cada um tem. Cada um traz em si um mundo novo.
Nascemos com um conjunto imenso de qualidades, de capacidades e somos todos diferentes. Mas, precisamos de referências, de orientação, de acompanhamento para nos podermos construir como pessoas, para nos humanizarmos. Precisamos que nos seja dada a possibilidade de sabermos o que é ser masculino e o que é ser feminino e, como a humanidade é interessante por ter essa diversidade. A liberdade para decidir só existe quando temos conhecimento suficiente para compreender o alcance e as implicações que cada decisão traz. Por isso somos seres que necessitamos de tempo. Tempo para crescer e para conhecer a vida.
Esta nova lei e a forma como pode ser interpretada retira a cada criança e a cada adolescente a possibilidade de no tempo se construir. De passar pelas fases em que se aceita e em que se rejeita o que se é. Em que se duvida e em que se acredita. Tempo para ir percebendo o que na vida é importante. Por isso todos reconhecemos que decisões irreversíveis, marcantes e condicionantes do futuro só se assumem quando se tem idade e maturidade. Ter liberdade, ser livre é poder decidir e escolher, não o que me apetece ou parece ser mais simples, mas sim o que sei que me pode vir a dar acesso a uma vida mais plena. E isso leva o seu tempo.
Esta nova lei retira a liberdade de se crescer com tempo. Retira a liberdade de cada um se confrontar com o que é ou sente ser. Retira a liberdade de ser confrontado, de ser questionado e poder refletir sobre o que deseja.
Teresa Tomé Ribeiro
Núcleo de Reflexão